15 outubro 2012

Entrevista de Kristen Stewart sobre On the Road e Marylou-10 Perguntas

Quando você leu On The Road pela primeira vez?
Quando eu tinha 14 anos. Estava numa lista de leituras, na verdade, no meu ano de caloura. Eu frequentei uma escola bem livre de forma. Os outros títulos incluíam The Scarlet Letter e O Grande Gatsby – cujo amo – mas On The Road me pareceu mais divertido do que qualquer um deles. Eu sabia que era sobre a contracultura e quando você tem 14 anos colocar sinais de anarquia na sua mochila é o que te atrai.
Você pode falar mais sobre o que te atraiu?
Os personagens, eu sou do Vale, eu venho de uma família muito confortável e afortunada, mas do tipo que você pode se tornar preguiçosa e complacente. Quando eu li On The Road pela primeira vez eu percebi que eu estava num ponto da vida que você pode começar a escolher quem serão os membros da sua família, no sentido de quem são seus amigos, do que somente se colocar no meio de pessoas e circunstancialmente se tornar próximos. Obviamente quando você é criança você não tem muito controle disso. Mas quando eu li a respeito destes personagens eu pensei, ‘Eu tenho que encontrar pessoas assim, que me empurrem que não se comprometam com seus desejos, mesmo se eles forem diferentes à norma.’ É um livro muito fundamental. E ele realmente não informa como eu gostaria de viver.

E como isso está funcionando? Deve ser difícil viver livremente, resistir as tendências, quando você faz parte da máquina de Hollywood.
É engraçado, de uma perspectiva externa eu sei que parece como se eu não tivesse liberdade, mas não é verdade mesmo. Eu tenho mais liberdade agora. Eu me sinto muito livre para fazer o que quer que eu queira. É difícil não soar banal, mas eu não me privo de nada, e eu não permito que outros me privem de nada.

Tendo dito isto, você parece muitas vezes inconfortável presa aos holofotes.
Eu acho isso ridiculamente embaraçoso me considerar uma boa venda – e é assim literalmente que eles estão me considerando. Eu nunca, nunca quis ser uma commodity. Alguns atores têm personalidades formadas, cultivadas, fabricadas que eles apresentam ao público, e eles são muito bons nisso – eles são atores ótimos – você assiste a qualquer talk show e pensa “Como eles fazem isto?” Mas no final isso tem um preço sério. Você começa a dar partes de si mesma, e você não as recebe de volta. Na tentativa de satisfazer muitas pessoas diferentes, você perde sua identidade, você não é ninguém. Eu acho que quando você repentinamente pensa que a pessoa no bar está olhando para você por qualquer outra razão que não seja o fato de você fazer filmes, isso acaba.

Walter Salles criou o que ele chamou de campo de batalha beatnik em Montreal antes das filmagens, para você e pelos seus colegas de elenco para se familiarizarem com o mundo dos Beats. Quais foram os aspectos mais úteis disto, para você?
A filha de LuAnne, Anne Marie Santos, veio nos visitar e passou um dia sentada comigo em uma varanda, conversando. Aquilo foi emocionalmente muito estimulante. E Gerry Nicosia, que escreveu The Memory Babe [biografia de Kerouac], veio com horas e horas de entrevistas gravadas com LuAnne. Quando ouvimos aquilo, repentinamente ela tinha uma voz, e nos sentimos todos completamente apaixonados por ela. Eu amo Marylou, a personagem é muito vívida, ela pula fora da página e te dá um beijo no rosto. Mas conhecer a filha de LuAnne, e ouvir todas aquelas gravações me conectaram com ela como uma pessoa real.Não da mesma forma que Jack e Neal, LuAnne não estava se rebelando contra nada, ela estava simplesmente sendo ela mesma, estando com as pessoas que ela amava. Para mim, conhecer esta mulher fez tão mais fácil evitar a caricatura de objeto social. Ela realmente é essa ligação incrível entre dois garotos; é uma grande afirmação a se fazer, mas aquela aventura poderia não ter acontecido sem ela.

O livro não é particularmente lisonjeiro com LuAnne. Alguns sentem que sua representação de mulher é muito sexista.
Eu acho isso uma crítica estranha. Não são as histórias das garotas, então elas não estão totalmente explicadas, elas estão do lado de fora das coisas. É um romance, não uma biografia. Quando LuAnne leu On The Road pela primeira vez ela estava com Jack e Neal e Al Hinkle, e Jack estava ficando louco, ele estava tão assustado, ele dizia, “Eu fiquei bravo com você quando escrevi aquilo e sei que não é realmente como aconteceu, mas é mais interessante desta forma é mais colorido.” Então ele estava meio que consciente daquilo também. Ele se desculpou muito com ela, e ela dizia, “Leve isso, é seu, você é meu amigo, eu te amo.” Isto realmente diz algo sobre ela.

Eu acredito que o campo de preparação também serviu como um exercício de aproximação.
Foi muito mais que pesquisa. Nós nos conhecemos tão bem no campo de preparação que éramos capazes de confiar completamente que toda aquela preparação ficaria nos nossos ossos, então quando começamos a filmar não pensamos mais sobre aquilo. Aprender a dançar com Garret, por exemplo – você não dança com cada pessoa da mesma manira, então precisava ser com ele. E eu acho que valeu a pena na tela. Garret, Sam e eu precisávamos nos sentir seguros e completamente dispostos para perder o controle uns com os outros. Esta experiência foi incomparável para mim. Eu normalmente fico bem autoconsciente sobre caminhar pela cidade com minha cara à mostra, mas eu não me importei mesmo porque eu estava com esses caras. Eu amei. Eu vivi muito mais naquelas quatro semanas do que eu normalmente vivo.

Walter diz que você é destemida. Isto é verdade?
Não! Eu estava aterrorizada com este personagem. Eu sabia que eu iria interpretar Marylou desde que eu tinha 16 anos. E graças a Deus eu pude crescer um pouco, porque eu era muito mais nova com 16 anos do que Lu Anne. Nós fizemos o filme quando eu tinha 20, o ponto perfeito. Mas eu amo me puxar, amo assustar a mim mesma, eu realmente queria fazer as cenas de sexo. Enquanto você está sendo realmente honesta, não há nunca nada do que ter vergonha.

Como as filmagens deste se comparam com Crepúsculo?
Ambos foram igualmente sérios. Eu acho que a diferença entre as duas adaptações foi a abordagem do roteiro. Em Crepúsculo eu estava religiosamente obcecada em saber as falas perfeitamente, porque eu as amava, e eu as queria de uma certa maneira que eu soubesse que os fãs também queriam, porque eu sou uma deles. Em Na Estrada minhas expectativas eram bastante similares à qualquer beat fã – você não quer algo nitidamente empacotado, artificial e entregue. Uma rendição mais verdadeira deste livro seriam falas que fossem esquecidas e redescobertas no momento. Você quer assistir impulso, você quer assistir as pessoas caírem e se levantarem sem saber o que vai acontecer em seguida.

Você diria que Na Estrada tem uma relevância para a geração jovem hoje?
Eu não acho que a contracultura já foi a algum lugar. É por isso que o livro nunca se tornou irrelevante.

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